Conhecendo o corpo

A partir de agora, vamos conhecer um mundo mágico que há dentro de cada mulher, só esperando que nós o decifremos.

Confesso pra vocês que fiquei extremamente surpresa quando comecei a ler sobre a percepção da fertilidade e (depois de parar de tomar a pílula anticoncepcional) passei a perceber que realmente o corpo dá sinais e que é possível interpretá-los. Um dos momentos onde realmente percebi que estava mesmo aprendendo a me conhecer, foi quando estava monitorando o ciclo (uso o app Kindara para acompanhar) e pelos sinais eu deveria estar no período fértil, mais precisamente no dia de pico, então eu deveria estar ovulando ou ter ovulado recentemente. Quando terminei o exame, a médica disse que estava tudo bem e que ela viu apenas um corpo lúteo durante o exame, o que significava que eu tinha ovulado. Fiquei me segurando para não pular de alegria ali mesmo, só consegui dizer "sério?" e ela disse "é sim". Me senti super orgulhosa de mim mesma por ter acertado e mais empolgada ainda para continuar.

Antes de ter contato com os métodos naturais, tudo o que eu sabia sobre ciclo feminino se resumia a menstruação todo mês e probabilidade de gravidez caso tivesse relações desprotegidas. Não conhecia a função dos órgãos nesse processo e pensava que tudo era um grande mistério, o que levava a tomar PDS sem necessidade e muitos dias de aflição quando havia atraso menstrual. Mas olha que engraçado, meu ciclo sempre teve média de 31-32 dias, mas sempre ficava preocupada pois pensava que tinha que ser 28! Não preciso dizer a liberdade que o conhecimento traz pra gente, né?

Para entender como funciona o ciclo feminino, precisamos conhecer o nosso corpo primeiro, e é isso que vamos fazer agora.

Aqui vai uma descoberta que quero compartilhar com vocês, e que achei incrível: os fetos femininos, ainda dentro do útero, possuem consigo TODOS os óvulos que usará durante toda a sua vida! 😮  Isso quer dizer que a sua mãe, quando estava na barriga da sua avó, já tinha dentro dela o óvulo que viria a ser você. Não é lindo isso???!!! O Sagrado Feminino é perfeito! Aí, quando chegamos na puberdade, esses óvulos amadurecem e passam a ser liberados aos poucos, geralmente um a cada ciclo até a menopausa. Já os meninos passam a produzir espermatozóides apenas na puberdade, mas continuam a produzi-los até o fim de suas vidas. Outra diferença entre homens e mulheres é que eles são férteis o tempo todo, enquanto nós mulheres, somos férteis cerca de uma semana por mês, no período entre a puberdade e a menopausa, o que dá uns 40 anos de fertilidade em média.

Como nosso corpo funciona?

Vamos descrever agora os órgãos reprodutores femininos e entender qual a função e importância de cada um deles no nosso ciclo e na nossa saúde.

Anatomia Interna

Útero

É um órgão pequeno, parecido com uma pêra. A cada ciclo, ele se reveste com uma camada de sangue para receber um possível feto. Caso isso não aconteça, essa camada se defaz e é eliminada pela vagina (menstrução). Geralmente, o útero está virado para frente, mas algumas mulheres possuem o chamado útero retrovertido, quando o útero está voltado para o interior do corpo.

Vagina

Passagem, feita de músculos, entre a vulva e colo do útero (ou cérvix). É por ela que o sangue menstrual é eliminado e também é o local onde o pênis fica durante o ato sexual; nesse momento, a vagina se expande e produz lubrificação para tornar o ato mais fácil e prazeroso. Ela também se alonga bastante durante o parto normal, possibilitando a passagem do bebê.

Tuba Uterina

Também conhecida como Trompa de Falópio, é um tubo estreito que liga os ovários ao útero. Quando o óvulo é expelido pelo ovário, ele segue pela tuba uterina até chegar ao útero. A fecundação ocorre em seu interior e o óvulo fecundado é transportado por ela até o útero onde irá se fixar.

Óvulo

São as células reprodutoras femininas e são armazenados nos ovários, dentro de estruturas chamadas folículos. Os folículos também produzem os hormônios femininos, que são responsáveis por preparem o organismo para a gestação. Dentro de cada folículo há apenas um óvulo. Durante a infância, os folículos não conseguem amadurecer e ovular por falta de hormônios. É só a partir da puberdade, com ambiente hormonal favorável, que mensalmente um conjunto de folículos inicia o seu crescimento e consegue progredir. Deste conjunto de folículos em crescimento, apenas um a cada mês é escolhido para completar o desenvolvimento e ovular; os demais degeneram, isto é, para cada óvulo que consegue sair dos ovários com a ovulação, vários outros foram selecionados mas não completaram seu desenvolvimento e acabam sendo perdidos.

Ovários

Duas glândulas femininas que liberam os óvulos e secretam hormônios, como o estrogênio e a progesterona durante todo o ciclo reprodutivo da mulher.

Endométrio

É o revestimento interno do útero, onde o embrião se implantará, caso a fecundação ocorra. Do contrário, o corpo para de produzir progesterona e o endométrio descama, resultando na menstruação.

Colo do Útero

A parte inferior do útero, que fica cerca de 3 a 6 cm dentro da vagina e pode ser sentido com os dedos. Nele está localizado o canal cervical que produz o muco cervical. A abertura do colo do útero varia de tamanho ao longo do ciclo e durante a gravidez: ele se fecha quando há um bebê, para protegê-lo, e se expande no momento do parto.

Anatomia Externa

Vulva

Parte externa da genitália feminina.

Monte do Púbis

Parte frontal da vulva, também chamada de monte de vênus. É uma elevação de tecido adiposo, recoberto por pelos que protege a superfície ósseo-cartilaginosa e, consequentemente, os órgãos reprodutivos internos.

Clitóris

Pequeno órgão erétil de aproximadamente 2 cm de comprimento. Funciona de forma parecida com a do pênis; o clitóris se enche de sangue e fica firme e ereto, possuindo também, glande e prepúcio. O clitóris possui 8 mil terminações nervosas e tem a função exclusiva de proporcionar prazer sexual nas mulheres.

Grandes Lábios

Os Grandes Lábios são tecidos adiposos, coberto por pelos pubianos.

Pequenos Lábios

Os pequenos lábios são tecidos sem gordura. Na parte superior dos pequenos lábios encontra-se o clitóris.

Hímen

Entre os pequenos lábios fica a abertura da vagina, que é recoberta por uma fina membrana altamente vascularizada chamada de hímen. É importante perceber que o hímen não “fecha” o canal: ele está presente ao redor do orifício. O hímen não necessariamente estará presente ainda na primeira relação sexual, pois pode desaparecer bem antes da puberdade, em atividades normais como abrir as pernas na ginástica, andar de bicicleta, masturbação, entre outros. Outro mito sobre o hímen é que ele será rompido na primeira relação: em muitas mulheres, a penetração vaginal não leva ao rompimento do hímen e ao sangramento, especialmente se for feita com delicadeza.

Uretra

Pequena abertura redonda localizada logo abaixo do clitóris, na entrada do aparelho genital feminina, ligando a bexiga ao meio externo, por onde a urina é eliminada.

Glândulas de Bartholin

As glândulas de Bartholin estão localizadas na porção inferior do canal vaginal e têm como principal função a lubrificação da genitália interna feminina, principalmente durante o estímulo sexual. 

Introito vaginal

O orifício da vagina, ou seja, a entrada da vagina, denomina-se introito. A abertura vaginal é a porta de entrada para o pênis durante a relação sexual e da saída para o sangue durante a menstruação, e para o bebê durante o parto.

Períneo

Região entre a parte inferior da vulva e o ânus. Nos homens essa região fica entre o saco escrotal e o ânus.

E aí?

Bom, conhecer a anatomia do nosso próprio corpo é o primeiro passo para nos conhecer por inteiro. Muitas mulheres não tem noção de como é e de como o seu corpo funciona por achar que isso é sujo e pecaminoso, errado. Os homens sempre foram encorajados a se tocarem e explorarem a sua sexualidade, enquanto nós mulheres, ao contrário, somos condenadas pela sociedade quando simplesmente queremos agir de acordo com a nossa própria natureza.

Várias pesquisas mostram uma triste realidade, a de que a grande maioria das mulheres sexualmente ativas não conseguem chegar ao orgasmo, e muitas sequer tiveram algum durante toda a sua vida, por inexperiência, ignorância, ou pior, por que seus parceiros não se importam em lhes dar prazer.

Devido às anatomias feminina e masculina serem diferentes e terem suas particularidades, a forma de chegar ao orgasmo também é, pois cada uma exige um estímulo específico. Por isso é que é bastante difícil uma mulher ter orgasmo apenas com a penetração, já que o órgão que nos dá esse prazer, o clitóris, precisa de estímulo direto e isso acontece com masturbação, sexo oral e determinadas posições onde o clitóris é estimulado. Isso é importante pois quando o casal está satisfeito sexualmente, existe mais entrega, mais cumplicidade, mais desejo e bem-estar na relação.

...

Também é legal a gente conhecer o básico do funcionamento do sistema reprodutor masculino para ter uma visão global da fertilidade e compreender como tudo acontece. No livro, a autora é bem detalhista, mas aqui vou resumir um pouco e deixar esse link aqui caso vocês queiram se aprofundar mais no assunto.

Por exemplo, é importante saber que quando um casal tem dificuldade para engravidar, o problema pode estar em qualquer um dos dois, tanto homem como mulher.

Vamos falar agora um pouco da anatomia masculina comparando com a anatomia feminina para ficar mais fácil.

Assim como as mulheres produzem óvulos nos ovários, os homens produzem espermatozóides nos testículos, que viajam pelo chamado canal deferente de lá até o pênis, assim como os óvulos passam pelas Tubas Uterinas. No homem, a próstata, igual ao útero, produz os nutrientes necessários para o espermatozóide e óvulo, respectivamente.

Antes da ejaculação, o homem libera o chamado líquido pré-ejaculatório. Há uma polêmica em torno desse líquido se ele pode engravidar ou não. Vejamos primeiro o quê ele é para podermos entender melhor. Antes da ejaculação, a glândula de Cowper libera um líquido escorregadio e claro, projetado para facilitar a sobrevivência do esperma e neutralizar a acidez da uretra. Esse líquido pode conter esperma vivo, e por isso, há chances de engravidar. No Coito Interrompido (faremos um post só para ele no futuro) esse líquido pode sair despercebido e se a mulher estiver em seu período fértil e com bastante muco é provável que ocorra uma gravidez. Apesar de que, no uso perfeito, a taxa de falha do CI se iguale a da camisinha (4%), mas no uso típico, essa taxa de falha sobe para 26%. Mas como disse, nós falaremos disso mais detalhadamente no futuro. 

Quando um homem ejacula dentro de uma mulher, o tempo que o esperma pode sobreviver está diretamente relacionado a fase em que a mulher está em seu ciclo. Se uma mulher está longe da ovulação e, portanto, não está fértil, o esperma não vai sobreviver mais do que algumas horas. No entanto, se ela está perto da ovulação, e possui fluido cervical úmido e aquoso, o esperma pode viver até cinco dias 😮 . 

A consistência gelatinosa inicial do sémen age para impedir que ele vaze para fora da vagina, enquanto que o açúcar presente no gel, fornece energia imediata para a mobilidade do esperma. Mas uma vez que tenha servido este propósito, o gel tende a derreter e vazar para fora nas horas seguintes (o que é meio incômodo não é mesmo meninas?). 

Quem está tentando evitar uma gravidez, deve ser bastante cautelosx. Vejamos:

• Número de espermatozóides produzidos por dia: 100-300 milhões
• Número típico de esperma por ejaculação (2-6 ml): 100-500 milhões
• Número típico de espermatozóides por mililitro: 20-200 milhões
• Número de dias em que o esperma pode viver com fluido cervical fértil: 5 dias

Apesar de esses dados parecerem meio assustadores, o que influencia mesmo é saber determinar a fase do ciclo em que a mulher está, se fértil ou infértil, pois não importa quantos espermatozóides o homem produz, se não houver nenhum óvulo para ser liberado, não há nenhuma possibilidade de uma gravidez acontecer.

Fontes:

Aparelho Genital Feminino. http://www.gineco.com.br/saude-feminina/o-corpo-da-mulher/aparelho-genital-feminino/

Entendendo como ocorre a gestação naturalmente. http://www.drpaulobianchi.com.br/reproducao-humana-assistida/mitos-e-verdades-sobre-a-gestacao-natural/entendendo-como-ocorre-a-gestacao-naturalmente/

Histofisologia do Colo do útero: http://www2.unifesp.br/dmorfo/histologia/ensino/colo/histofisiologia.htm

Sistema Genital Feminino - órgão externos. http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-genital/sistema-genital-feminino/orgaos-externos/

Sistema Reprodutor Feminino. http://www.portalsaofrancisco.com.br/corpo-humano/sistema-reprodutor-feminino

Sistema Reprodutor Masculino. http://www.portalsaofrancisco.com.br/corpo-humano/sistema-reprodutor-masculino

Weschler, Toni. “Taking Charge of Your Fertility : The Definitive Guide to Natural Birth Control, Pregnancy Achievement, and Reproductive Health (9780062409911).” iBooks.